saúde mental

“Síndrome do Fim de Ano”: aumento de ansiedade e depressão acende alerta

Especialistas apontam que período de festas intensifica crises emocionais
Por Redação 06/12/2025 - 10:00
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Síndrome do Fim de Ano" – como combater o aumento de casos de ansiedade e depressão
Síndrome do Fim de Ano" – como combater o aumento de casos de ansiedade e depressão

À medida que dezembro avança, psiquiatras de todo o país observam um fenômeno recorrente: o crescimento no número de pessoas que apresentam crises de ansiedade e depressão. O aumento é percebido tanto entre pacientes já diagnosticados quanto entre indivíduos sem histórico prévio de transtornos mentais, reforçando uma tendência que ganhou nome no meio clínico — a chamada “Síndrome do Fim de Ano”.

Os casos atingem seu ápice entre o Natal e o início de janeiro, período marcado por balanços pessoais, metas não cumpridas e expectativas frustradas. “Conforme nos aproximamos do fim do ano, é natural que surjam sentimentos conflitantes. Enquanto alguns se sentem realizados, outros enfrentam frustrações pessoais ou profissionais, o que pode desencadear problemas emocionais”, explica o médico Vicente Beraldi Freitas, consultor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho.

Entre os fatores que contribuem para o agravamento das crises estão rupturas familiares, dificuldades financeiras, luto recente e pressões no ambiente profissional. A esse cenário somam-se as redes sociais, que frequentemente reforçam padrões de felicidade e sucesso difíceis de alcançar. Para quem já enfrenta fragilidades emocionais, esse contraste pode aprofundar o sofrimento.

Freitas destaca que o aumento de casos entre jovens é particularmente preocupante. “Há situações em que a ansiedade afeta diretamente a vida pessoal e o desempenho no trabalho. Já acompanhamos casos de demissões motivadas pelo agravamento desses quadros. Apesar de existirem estratégias de prevenção, os desafios têm se tornado mais complexos”, afirma.

Os transtornos de ansiedade se caracterizam por preocupações excessivas com cenários negativos e podem gerar sintomas físicos como falta de ar, sudorese e arritmias cardíacas. Segundo o especialista, a pandemia também funcionou como um gatilho, ampliando tanto a ansiedade quanto a depressão. Pessoas com menor flexibilidade emocional tendem a sofrer mais. “O estilo de vida moderno, muito calcado na virtualidade, intensifica o distanciamento das experiências reais e cria expectativas irreais de sucesso”, pondera Freitas.

Diante desse cenário, o alerta é para que familiares, profissionais e empresas identifiquem os sinais precocemente. Buscar ajuda médica e psicológica é fundamental, e o tempo, reforça o especialista, “é um fator determinante” na evolução dos quadros clínicos. No ambiente corporativo, ações preventivas têm se mostrado eficazes. Programas de bem-estar, grupos de apoio e treinamentos para lidar com conflitos são algumas das iniciativas recomendadas. A empresa Confirp Contabilidade adotou práticas desse tipo. Segundo Rose Damélio, gerente de Recursos Humanos, a política é de aproximação constante com os colaboradores. “O RH presta suporte desde a admissão. Quando identificamos um possível problema, aprofundamos o acompanhamento para evitar agravamentos”, explica.

Apesar da complexidade dos transtornos emocionais, especialistas reforçam que empresas e famílias desempenham papel decisivo na prevenção e no suporte. A atenção e o cuidado podem não apenas evitar crises mais severas, mas também contribuir para ambientes mais saudáveis, produtivos e acolhedores — especialmente em um período do ano em que vulnerabilidades se tornam mais evidentes.


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